Saiba se é seguro e quais as carteiras digitais oferecem rendimento de até 220% do CDI



Carteiras digitais como PicPay e 99Pay estão oferecendo rendimentos superiores a 200% do CDI aos clientes que deixarem o dinheiro em suas contas. Bancos que oferecem contas com rendimento automático costumam oferecer um retorno de até 110% do CDI. No caso do PicPay, a rentabilidade é de 210% do CDI para depósitos de até R$ 250 mil – essas condições são válidas até 17 de março, podendo ser prorrogado como já vem sendo feito desde novembro de 2020 pela empresa. Na conta 99Pay, que está disponível em apenas nove cidades do país, a rentabilidade de 220% do CDI vale para aplicações de até R$ 5.000.

Afinal, quanto essas contas rendem na na prática? O CDI é um marcador com valor próximo da taxa básica de juros (2% ao ano) e usado em transações financeiras entre bancos. De acordo com o coordenador do curso de gestão financeira da FGV (Fundação Getulio Vargas), Ricardo Teixeira, a rentabilidade destas contas fica assim:
  • PicPay, rendendo 210% do CDI: 3,99% ao ano;
  • 99Pay, rendendo 220% do CDI: 4,18% ao ano;
  • Contas que rendem 100% do CDI: 1,9% ao ano;
Se a Selic subir, o valor da rentabilidade das aplicações também sobe. Em todos esses casos o dinheiro pode ser resgatado no mesmo dia, mas a faixa de Imposto de Renda cobrada sobre o lucro é regressiva e varia de 22,5% a 15%, de acordo com o prazo em que o dinheiro for retirado. Na prática, quanto menos tempo o dinheiro ficar na carteira, maior a alíquota de IR.

Essas carteiras rendem mais que a poupança? Sim. De acordo com a regra atual de correção da poupança, ela está rendendo 1,4% ao ano. Enquanto a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano, como agora, a poupança rende 70% da taxa básica. Caso o juro volte a subir e fique acima de 8,5%, aí a remuneração da poupança passa a ser de 0,5% ao mês, mais TR (taxa referencial). Não existe cobrança de IR na poupança, vale lembrar.

Por que as carteiras digitais oferecem rentabilidades mais altas? É uma estratégia para aumentar a base de clientes de suas carteiras. “Com isso, aumentam a possibilidade de oferecer produtos cruzados, que garantam uma rentabilidade maior para a instituição, como é o caso do crédito”, afirma o especialista em investimentos e coordenador da pós-graduação da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), Marcelo Cambria.



Antes, as carteiras digitais funcionavam mais como meio de pagamento, mas o cenário vem mudando. “Hoje, elas funcionam como bancos. Pegam dinheiro de clientes por meio de aplicações e, do outro lado, emprestam recursos a crédito para quem precisa”, afirma Andrade. O PicPay, por exemplo, oferece cartão de crédito sem anuidade para os clientes pré-aprovados.

Vale a pena investir nestas carteiras? É preciso lembrar que o rendimento de 210% do PicPay tem um prazo para acabar: 17 de março, podendo ser prorrogado como já vem sendo feito desde novembro de 2020 pela empresa. E a conta 99Pay está disponível para pouquíssimas pessoas.

Para planejadora financeira CFP Gisele Andrade, produtos com rendimento automático de mais de 200% do CDI em renda fixa têm embutido um risco de crédito maior do que o CDB ou letra financeira de instituições financeiras tradicionais.

Ricardo Teixeira, da FGV, afirma que o investidor precisa conhecer bem o produto antes de aplicar seu dinheiro. “O importante é sempre saber todas as informações essenciais sobre onde o dinheiro é alocado e qual o risco”, afirma.

Quais as opções do mercado? Instituições financeiras tradicionais dificilmente oferecem ativos com liquidez diária e rentabilidade tão alta quanto as das carteiras digitais, mas, para os especialistas, tendem a ser mais seguros. O mais comum é encontrar CDBs com liquidez diária e rentabilidade de 100% a 110% do CDI.

As contas digitais com rendimento automático são opções parecidas às carteiras digitais, com diferenças na rentabilidade. A NuConta, do Nubank, por exemplo, tem rendimento de 100% do CDI, mas, diferentemente das carteiras digitais, tem garantia do FGC – entidade que garante o retorno de até R$ 250 mil investidos caso a instituição em que a pessoa investe sofra falência, liquidação ou intervenção.

Essas carteiras têm alguma garantia? O PicPay afirma que não existe risco ao aplicar o dinheiro na carteira da empresa, já que possui garantia na forma de títulos públicos federais. “Todo valor que estiver na carteira, incluindo os rendimentos acumulados até o dia em que você decidir usar ou sacar, fica separado do patrimônio do PicPay – ou seja, o dinheiro é seu e você pode usá-lo quando quiser, a qualquer momento”, afirma a empresa.

O head da 99Pay, Maurício Orsolini Filho, diz que, na prática, a carteira não funciona como um investimento. “Trata-se de uma bonificação diária, oferecida pela própria empresa, que é calculada baseada no montante que o usuário tem na carteira”.

O regulamento da 99Pay diz que a empresa “poderá prorrogar ou encerrar esta ação a qualquer momento durante seu período de vigência, mediante comunicação específica por “push”, e-mail, comunicação no aplicativo ou qualquer outro meio de comunicação oficial da 99”.

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Comentários

  1. Dilson Pereira da Silva3/3/21 21:41

    A verdade é que os maiores bancos de varejo como o Bradesco, Itaú, Caixa, Bco. Brasil e outros tantos, tem um grau de solidez que dispensa comentários. Ocorre que essas instituições financeiras tradicionais deixaram de ser atrativas há muito tempo. Mesmo antes da queda da selic, eles ofereciam no máximo entre 85% a 91% do CDI para pequenas aplicações. Já essas fintechs, como o PicPay, PagSeguro, Inter e algumas mais, já remuneravam as aplicações em renda fixa em 100% do CDI, e com a baixa na selic, passaram a oferecer até 220% do CDI. São carteiras digitais sólidas em sua maioria. Exemplo, o maior acionista do PicPay é a JBS, o grupo Folha de S. Paulo comanda o PagSeguro e a construtora MVR é dona do inter. Além do mais, todas elas oferecem a garantia do FGC do Banco Central, para investimentos de até R$ 250 mil reais. Ou seja, são sim bastante seguras para o pequeno investidor.

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